Deus criou a Mulher de que osso mesmo? por Kentaro Mori
“Outra condição
genética, afetando 100% dos machos humanos, é a falta congênita de um
báculo. Enquanto a maior parte dos mamíferos (incluindo espécies comuns
como cachorros e ratos) e boa parte dos outros primatas (com a exceção
de macacos-aranha) têm um osso no pênis, machos humanos não o possuem e
precisam contar com a hidráulica de fluidos para manter ereções. O
báculo de um grande cachorro pode ter 10cm de comprimento x 1,3cm de
espessura x 1cm de grossura… Báculos humanos já foram relatados,
comumente em associação a outras doenças congênitas ou anormalidades do
pênis.
Uma das histórias de
criação no Gênesis pode ser um mito explicatório onde a Bíblia tenta
encontrar uma causa para a qual os machos humanos não possuam este osso
particular. Nossa opinião é que Adão não perdeu uma costela na criação
de Eva. Qualquer israelita na Antiguidade (ou, se for assim, qualquer
criança) deve saber que há um número igual (e par) de costelas tanto em
homens quanto em mulheres. Mais do que isso, costelas não possuem
qualquer capacidade generativa. Acreditamos que é muito mais provável
que o báculo de Adão tenha sido removido para criar Eva. Isto explicaria
por quê machos humanos, de todos os primatas e a maior parte de outros
mamíferos, não possuem esse osso. O substantivo hebraico traduzido como
“costela”, tzela (tzade,
lamed, ayin), pode de fato significar uma costela. Também pode
significar a costela de uma colina (2 Samuel 16:13), as câmaras laterais
(englobando o templo como costelas, como em 1 Reis 6:5,6) ou apoiando
colunas de árvores, como cedros ou abetos, ou as tábuas em prédios e
portas (1 Reis 6:15,16).
Assim, a palavra
poderia ter sido usada para indicar uma viga estrutural de apoio.
Curiosamente, o hebraico bíblico, ao contrário do hebraico rabínico
posterior, não possuía termo técnico para o pênis e se referia a ele por
várias circumlocuções. Quando traduzido ao grego, algum tempo ao redor
do segundo século antes da era cristã, os tradutores usaram a palavra
pleura, que significa “lado”, e conotaria uma costela do corpo (como o
termo médico pleura ainda o faz). Esta tradução,
sacralizada no Septuaginta, a bíblia grega da igreja antiga, fixou o
significado para a maior parte da civilização ocidental, ainda que o
hebraico não fosse tão específico.
Além disso, o Gênesis 2:21 contém outro detalhe etiológico: “O Senhor Deus fechou a carne“.
Este detalhe explicaria o peculiar sinal visível no pênis e escroto dos
machos humanos — o rafé. No pênis e escroto humanos, as extremidades
das dobras urogenitais se unem ao longo do sinus urogenital (dobra
urogenital) formando uma marca, o rafé. Se esta marca não se forma,
hipospadias das glândulas, pênis e escroto podem resultar. A origem
desta marca na genitália externa seria “explicada” pela história do
fechamento da carne de Adão. Novamente, o ferimento associado com a
criação de Eva é conectado com o pênis de Adão, e não sua costela.
Uma costela não
possui potência particular nem é associado mitológica ou simbolicamente
com qualquer ato humano de geração. Desnecessário dizer, o pênis sempre
esteve associado com a geração, na prática, na mitologia e na imaginação
popular. Portanto, o uso literal, metafórico e eufemístico da palavra tzela torna o báculo um bom candidato para o osso singular tomado de Adão para criar Eva.”
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/como-deus-criou-o-penis-segundo-o-genesis
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